terça-feira, julho 08, 2008

Vicente & Cerqueira

Muitos de vós haveis pensado, verificando o título deste post, que iria discorrer novamente sobre esse grande mito que é J’aime Cerqueira e o “seu” Gil Vicente.
Nada mais erróneo. As aventuras deste lendário construtor civil no não menos fantástico galinh… er, estádio, Adelino Ribeiro Novo já foram correctamente dissecadas em tempos idos.
Aquilo que eu quero aflorar é a solidez compacta deste duo defensivo que deixou marcas no Alto Tâmega no derradeiro estertor da década de 80.

A cidade de Flávio, aclamada por ter acolhido monstros sagrados da estirpe de Putnik, Saavedra ou Zdravkov, também se celebrizou pela guarida que proporcionou a esta dupla de betão que o cromo tão bem ilustra.


Vicente, o duro, olha com desdém para o fotógrafo. A sua boca conserva o molde típico de quem está acostumado a brincar com um palito de madeira, mas o palito não está lá, provavelmente por ter ficado retido no balneário – quem sabe se escondido por Jorge Silvério ou por Luís Saura, numa das suas costumeiras traquinices. E isso enraivece Vicente. O seu rosto adopta uma expressão de rufia temerário que pede meças àquela que Armando “Le Petit” Teixeira assume nos seus diálogos existenciais com o árbitro. Vicente lança o alerta: está disposto a morder o mais afoito avançado que ouse perturbar o seu raio de acção, seja ele o “papa” João Luís II ou o arisco Forbs, já que a foto foi tirada no velho Alvalade XX. O seu cabelo pende teimosamente para a frente, escondendo os olhos chispando sangue de tanta fúria. Vicente está claramente apostado em demonstrar que é ele o mandão para lá do Marão. O fotógrafo sente-se intimidado e afasta as suas atenções de Vicente, antes que seja surpreendido por uma cabeçada do mesmo.

E então volta-se para Cerqueira. Incapaz de controlar o seu raivoso parceiro, Cerqueira, o Tony Danza transmontano, posa com dignidade para a posteridade. Denota um certo enfado, é certo, mas mantém a tranquilidade que Vicente não se esforça por manter. Cerqueira foi, por si só, um exemplo de profissionalismo e abnegação e nunca cedeu à moda do bigode, nem quando mereceu a companhia desse verdadeiro contraplacado humano que era Manuel Correia. Mas há mais. Cerqueira não só se notabilizou por lances de magia pura no rectângulo verde (como eram belos os irrepreensíveis atrasos para o seu guarda-redes, que ainda podia agarrar a bola naquele tempo…), como também por ter falhado miseravelmente no casting para a última temporada de “Chefe, Mas Pouco”, ao não conseguir desviar os olhos da ainda jovem e sempre imberbe AlyssaA.C.” Milan(o).
Resultado: Hollywood perdeu uma vedeta, mas o Grupo Desportivo de Chaves ganhou um razoável defesa, capaz de temperar a ira de Vicente com toques de personalidade espalhados aqui e ali nas canelas dos avançados contrários.

O patrocínio diz tudo: com oponentes deste calibre, tudo o que os dianteiros adversários podiam ambicionar era um copinho de água, mas beberricado com moderação. Nada de golos. “Golos não, galos sim” era o lema desta inefável dupla.

10 comentários:

Anónimo disse...

E na baliza se não me engano era o Jesus, que apesar de pequenino tinha um bigode inversamente proporcional!

Anónimo disse...

http://www.cromos_da_bola.blogspot.com/search?q=jesus

e

http://cromos_da_bola.blogspot.com/2004/09/astrix-da-lusitnia-sr-matias-e-um.html

Quanto ao post, tenho que frisar que as referências ao palito do Vicente e ao Luís Saura me fizeram lacrimejar de aconchego.

Bem Haja.

Rodrigues disse...

O Jesus passou por Chaves (e o Kasongo ficou por lá eternamente, pelos vistos), mas creio que a época dourada do Vicente & Cerqueira contou com Padrão e Tavares nas redes.
Apanhem com estes meus Míneres e Cucs que espalho no ar para o povo dedicado da bola.

Rodrigues disse...

O Tavares tinha bigode!

Anónimo disse...

Saciem a minha sede de cultura futebolesca sff:

O Cerqueira ainda chegou a jogar com o Zé Nuno Azevedo, Paulinho Cascavel, o Silvino... ?

(acho que era o Silvino...)

Que Festas e Bolinhas vos acompanhem.

Ivo

Rodrigues disse...

Era um contemporâneo dos três; creio que foi parceiro do Silvino (gr) no Sp. Espinho; com os restantes, creio que não jogou.

Anónimo disse...

Ah, ok, é que eu tinha a ideia (errada pelos vistos) de que tinha jogado com os 3 na mesma equipa do Gil Vicente, por volta de 1995...

Obrigado Rodrigues, um fresquinho Fleurival para ti, que o que faz falta é animar a malta, e com Fleurival a animação está sempre em alta!!

Gabriel disse...

belos cromos de chaves... mas épocas houve que o Braga também teve umas belas fornadas deles...
Fernando Pires, Serrinha, Laureta (nome altamente cromício), Chico Silva, Luis Manuel e o seu cabelo oleoso... o leitão Pingo, Forbs, Aparício, Chiquinho "bigodinho" Carlos, há tantos mas o meu destaque vai pro cromício GANGA!

Anónimo disse...

GANGA!!

Epah esse cromo era espectacular!!

Com Baltasar, Karoglan, Kagima e Zé Nuno faziam uma equipa terrível!!! (ou então não...)

Mas de Cromícios dessa fornada destaco RODLUND, de quem o Fergusson (sim, o do MU!) disse ser o "worlds greatest talent" da sua época!!

Uma eterna promessa que pontificou no meu Braga, cirandando pelo campo...

O meu braga tem muita qualidade cromística.

Que Pedro Estrela e Forbs fiquem convosco.

Abraço

Ivo

Anónimo disse...

Realmente...temos aí algumas pérolas por explorar. O ganga sozinho merece uma blogosfera.

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